Amigos de Timothy Clark, encontrado morto em avião com quase 200kg de cocaína, afirmam que ele foi vítima de um esquema criminoso e que auto...
Amigos de Timothy Clark, encontrado morto em avião com quase 200kg de cocaína, afirmam que ele foi vítima de um esquema criminoso e que autoridades australianas foram alertadas meses antes da tragédia em Coruripe.
Por Jardel Cassimiro, para o Portal São Miguel Web
MACEIÓ – A queda de um monomotor em uma área rural de Coruripe, no Litoral Sul de Alagoas, no último dia 14 de setembro, parecia, inicialmente, mais um trágico capítulo na crônica do tráfico internacional de drogas. A morte do piloto australiano Timothy James Clark, de 46 anos, e a descoberta de quase 200 quilos de cocaína nos destroços da aeronave, selados com a inusitada marca 'SpaceX', delineavam um caso aparentemente claro. Contudo, revelações bombásticas feitas por amigos próximos da vítima transformaram o que era uma investigação de narcotráfico em um complexo quebra-cabeça com peças espalhadas por três continentes.
Em uma entrevista concedida ao tabloide britânico Daily Mail nesta segunda-feira (22), uma amiga de longa data de Clark, cujo nome foi preservado, lançou uma suspeita que reconfigura toda a narrativa: a de que o piloto não era um criminoso, mas uma vítima. Segundo ela, Timothy teria sido atraído para uma conspiração muito maior, ficando enredado em uma situação da qual não conseguiu mais escapar.
"Estou em choque. Essa história não começou agora para mim", desabafou a amiga. "Desde março eu percebia que havia algo errado, mas ele parecia preso em uma situação da qual não conseguia escapar. Ele se viu em uma situação da qual claramente não conseguiria sair", afirmou, em um relato que sugere coação e medo.
A denúncia mais grave, no entanto, recai sobre as autoridades australianas. A amiga revelou que, preocupada com o desaparecimento e o comportamento errático de Timothy, chegou a solicitar uma "checagem de bem-estar" formal em março deste ano, mas alega não ter obtido qualquer retorno. Seus apelos à Polícia Federal Australiana e ao Departamento de Relações Exteriores teriam sido, segundo ela, ignorados.
"Fui eu quem começou a procurar notícias dele. Depois insisti com as autoridades", disse ela ao Daily Mail. A preocupação agora se estende aos bens pessoais de Clark, que poderiam conter provas cruciais. "Tim tinha contatos importantes, investimentos. É preciso recolher seus bens pessoais na África do Sul, como o telefone e cartões SIM, antes que desapareçam. Mas talvez já seja tarde."
A menção à África do Sul não é fortuita. Era lá que Clark residia e onde a aeronave acidentada, um versátil Sling 4, estava registrada. O avião, conhecido por ser leve e ágil, foi encontrado com modificações claras para voos de longa distância, incluindo tanques de combustível extras e um sistema improvisado de reabastecimento – um indicativo técnico de que a aeronave era preparada para rotas clandestinas e transcontinentais.
Enquanto a Polícia Federal no Brasil investiga a origem e o destino da droga, a rota do piloto começa a ser rastreada. Há informações de que, meses antes do acidente fatal em Alagoas, Clark teria feito uma escala em Igarassu, no estado de Pernambuco, sugerindo que o Nordeste brasileiro era um ponto estratégico em sua rota.
As perguntas que emergem agora são mais profundas e inquietantes. Timothy James Clark era um experiente narcotraficante ou um peão descartável em um jogo perigoso? Sua morte foi um acidente causado por uma falha mecânica ou uma queima de arquivo deliberada? As novas alegações lançam uma sombra de dúvida sobre a investigação e pressionam as autoridades, tanto no Brasil quanto na Austrália, a buscarem respostas que podem desvendar uma poderosa rede criminosa que conecta a América do Sul, a África e a Oceania.
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