Investigação da Polícia Civil de Rondônia aponta que a influenciadora digital, com milhares de seguidores, teria acionado a facção criminosa...
Investigação da Polícia Civil de Rondônia aponta que a influenciadora digital, com milhares de seguidores, teria acionado a facção criminosa para punir ladrões que invadiram sua residência, operando um sistema de justiça paralelo motivado por vingança.
Por Jardel Cassimiro para a Revista Correio 101
Porto Velho, RO – O universo digital, palco de vidas editadas e narrativas de sucesso, foi abalado na manhã desta quarta-feira (15) pela dura realidade do crime organizado. A influenciadora digital Iza Paiva, conhecida por seu alcance de milhares de seguidores nas redes sociais, foi presa preventivamente em Porto Velho, Rondônia. A acusação que recai sobre ela é grave e complexa: a suspeita de ter ordenado que membros da facção Comando Vermelho (CV) localizassem e torturassem dois homens responsáveis pelo furto de sua residência.
A operação, batizada de “Arur Betach” – uma expressão em hebraico que significa “maldito o que confia” –, foi deflagrada pela Polícia Civil do estado e expõe, segundo os investigadores, os "estreitos vínculos" da influenciadora com a organização criminosa. Além do mandado de prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Iza Paiva.
O crime que desencadeou a suposta retaliação ocorreu enquanto a influenciadora estava fora do estado. Ao ser informada de que sua casa havia sido invadida e seus bens subtraídos, Paiva teria optado por não seguir os trâmites legais. Em vez de registrar um boletim de ocorrência e confiar na investigação policial, ela teria, de acordo com a apuração, acionado seus contatos dentro do Comando Vermelho para uma finalidade dupla: recuperar os itens furtados e aplicar uma punição exemplar aos autores do delito.
Em comunicado oficial, a Polícia Civil detalhou a motivação por trás da ação da investigada. "Mesmo ciente da gravidade dos fatos, a investigada optou por não acionar as autoridades competentes, agindo deliberadamente à margem da lei, motivada por vingança pessoal, em clara afronta ao ordenamento jurídico", afirma a nota. A decisão de Paiva, segundo a polícia, revela não apenas uma conexão com o grupo criminoso, mas uma confiança no poder paralelo da facção para resolver questões pessoais.
A prisão de Iza Paiva levanta um debate profundo sobre a intersecção entre a fama nas redes sociais e a criminalidade. A imagem pública, cuidadosamente construída com postagens sobre estilo de vida, moda e engajamento com seus seguidores, contrasta de forma gritante com a acusação de envolvimento com uma das maiores e mais violentas facções do país.
O nome da operação, "Arur Betach", parece refletir a percepção dos investigadores sobre a quebra de confiança em múltiplos níveis: a confiança da sociedade no sistema de justiça, que teria sido ignorado pela influenciadora, e a possível traição inerente às relações estabelecidas no submundo do crime.
Enquanto a investigação prossegue para determinar a extensão completa do envolvimento de Iza Paiva com o Comando Vermelho e os detalhes da tortura infligida aos suspeitos do furto, o caso serve como um alerta sombrio. A influência digital, quando desviada para fins ilícitos, pode ter consequências devastadoras, apagando a fronteira entre a persona virtual e a realidade criminal, com um desfecho que, agora, está nas mãos da justiça. A influenciadora permanece sob custódia, aguardando os próximos passos do processo judicial.
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